Quando menos é mais | Diários #08
Tattoos da Era do Gelo, trabalhos recusados e uma nova forma de ver a vida
Diários é uma proposta de escritos pessoais e espontâneos, que compartilham um pouco mais do meu cotidiano e das vozes da minha cabeça.
Como são as coisas, né?
Contei por aqui sobre a noite de massinha que tive com os meus amigos e o quanto nos divertimos criando projetos malucos e, no meu caso, nada aesthetic. Mas o que eu não contei ainda é que, brincando com eles sobre ser a malfeitona do grupo, eu me lembrei de um fato curioso da minha vida: que eu já fiz uma tatuagem no meu companheiro.
Não, você não entendeu errado. Eu já tatuei uma pessoa.
Na época, meu cremoso era tatuador e sugeriu que eu fizesse uma obra de arte nele. E eu, que não sou besta, aceitei. Fui seguindo todas as suas indicações durante o processo e, mesmo morrendo de medo de fazer besteira, segui firme no meu traço e coloquei as preguiças na história.
E sabe por que eu tô falando sobre isso? Porque, até brincar com meus amigos sobre ser malfeitona, eu simplesmente tinha me esquecido de que eu fiz algo tão aleatório e divertido quanto tatuar um Sid, da Era do Gelo.
O pior é a ironia da situação: quem é que se esquece de algo literalmente eternizado, né?
Pois é, mas eu consegui. Na correria do dia a dia e na angústia da rotina de proletária, eu já não me lembrava mais de que isso tinha sido parte da minha vida e nem do quanto foi significativo para mim. E é osso pensar como, tendo que dedicar tanto de mim para pagar as contas, às vezes me pego pensando em coisas que super admiraria em outras pessoas, mas me esqueço de que eu mesma também já fiz algum dia.
Só que, graças a esse exercício bobo de mandar a foto pros meus amigos, eu enfim me lembrei disso. E, desde então, muita coisa tem sido diferente por aqui.
Essa tattoo me volta à mente sem querer após eu recusar o que parecia ser uma puta oportunidade para a minha trajetória profissional.
E, para muitas pessoas, talvez fosse exatamente isso mesmo. No entanto, para mim era o contrário: significava mais trabalho e responsabilidades em um momento em que, infelizmente, eu não era capaz de assumir mais nada. Apesar da vontade e da chance de ganhar uma graninha a mais, eu sabia que essa era uma oportunidade que eu não conseguiria tankar (olha ela usando a gíria dos jovens).
Assim que recusei, senti um aperto no coração e uma sensação horrível de que estava acabando com a minha carreira. Mas, ao mesmo tempo, fui tomada por um alívio tão grande que me vi dançando pela cozinha feito uma idiota.
A real é que, por toda a questão financeira e profissional, senti que eu deveria querer isso. Só que, no fundo, eu não queria. Eu não queria mais trabalho e desgaste. Eu queria era menos.
Na hora que eu assumi isso para mim mesma e aceitei que estava tudo bem querer sossego no lugar de mais trabalho, eu chorei de alívio. Senti que estava respeitando meus próprios limites e vontades ao invés de enlouquecer em nome do lucro. E senti, principalmente, que enfim exercia o meu direito de ser o que sou, e não o que deveria ser.
Muita gente deve pensar que é besteira da minha parte perder uma oportunidade como essa. Muitos devem acreditar que é melhor se matar de trabalhar agora para colher os frutos disso lá na frente.
Só que eu não sou uma dessas pessoas.
Eu sou a pessoa que prefere se aventurar em mais coisas divertidas e realizadoras, como tatuar em alguém a preguiça da Era do Gelo. Eu sou a pessoa que prefere construir mais memórias e que sente que é assim que se enche de vivacidade. Eu sou aquela que quer viver mais momentos que me nutrem e me fazem sentir que tudo vale a pena.
E, para isso, preciso de mais tempo e não de mais demandas.
Ultimamente, tenho pensado muito no menos. Menos trabalho, menos automação, menos desumanização. Menos estímulos, menos ruído e menos aceleração. Menos stress e menos dor de cabeça. Menos cobrança. Menos exaustão.
Em um mundo que nos bombardeia com cada vez mais, pode até ser estranho fazer o processo inverso. Buscar menos em um contexto no qual nunca se teve tanta abundância parece até contraproducente. Mas, como tenho percebido, isso também me leva a lugares incríveis.
Porque, nessa busca toda, descobri que também existe mais no menos: mais tranquilidade e mais motivação. Mais aventuras, vontades e propósitos. Mais tempo. Mais conexão. Mais vida.
No fim, tudo o que quero é sentir que eu vivi, e não que eu só trabalhei. E, nesse caso, não dá pra negar: menos é muito mais.
Indicações da V
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Esse é o meu clube, nextel
Mas que a tattoo ficou dahora, ficou!!! Hehehe