Diários é uma proposta de escritos pessoais e espontâneos, que compartilham um pouco mais do meu cotidiano e das vozes da minha cabeça.
Sinto um ardor já conhecido nos olhos e percebo que, mesmo com os óculos de natação, o protetor solar ainda conseguiu atingi-los em algum momento. Ignoro o incômodo e mergulho mais uma vez, depois de uma série de respirações profundas que, na real, não parecem efetivas. Sigo todo o protocolo e movimento o meu corpo da maneira mais estratégica possível, mas ainda chego ao outro lado da piscina desesperada por oxigênio. E, quando paro para recuperar o fôlego (que toma mais tempo do que o esperado), me dou conta da dor em meu dedo e vejo que quebrei uma unha ao ajeitar a nadadeira em meus pés.
Que merda, viu.
Diferente da semana anterior, em que me senti uma só com a água, esse treino está sendo um fracasso. A tranquilidade que conquistei foi perdida, a alegria de estar na piscina já não é mais a mesma e até minha capacidade pulmonar parece ter diminuído. E, só para piorar, eu ainda tenho dores generalizadas depois da fatídica volta à academia do dia anterior.
Não tem jeito. Esse não é o meu dia.
Olho para o lado em busca de algum consolo e, para meu desespero, todas as outras pessoas não parecem compartilhar da mesma dificuldade. Um braço aqui, uma perna acolá e pronto, eles estão deslizando pela água com maestria. É até bonito de ver.
Só que, ao contrário deles, eu levo mais tempo puxando ar para meus pulmões do que de fato nadando.
Me lembro então de que sou a única ali praticando (ou tentando) apneia, e que isso é um trem totalmente diferente da natação que a galera está fazendo. Me lembro também de que, apesar de me virar na água, eu nunca pratiquei ou fiz aulas de natação de fato. Aproveito para respirar fundo e me lembrar inclusive de que faz pouco tempo que tenho o monofin de sereia - e menos tempo ainda frequentando a piscina em questão.
Pena que isso não diminuiu o quanto eu me sinto um peixe fora d’água ali.
Mas o erro é meu. Achei que, de uma semana para outra (e depois de um hiato gigantesco), eu já veria um bom nível de evolução no meu nado. Fui na ilusão de que o processo de evolução se dá em uma linha crescente, e não como uma montanha-russa.
Saio da piscina um tanto frustrada com o meu desempenho e, enquanto me troco no vestiário, penso se não é besteira da minha parte insistir nessa história. Será que nadar é realmente algo para mim? Ainda mais com algo tão complexo quanto apneia?
Volto para casa e, após um bom banho e um skincare caprichado, volto também para o meu trabalho. Mesmo com a minha frustração, o dia continua e as demandas também. Até gostaria de dar o expediente como encerrado, mas sei que não posso. E, com o corpo ainda mole e o peito meio afoito, sento minha bunda na cadeira e volto para as minhas obrigações.
No entanto, aproveito um tempo livre para conferir a agenda da semana seguinte e encaixar um horário para mais uma nadadinha. Vejo que a quarta está mais tranquila e já sinalizo minha ausência no começo da tarde, que é um momento em que a piscina está mais vazia e eu posso treinar com meu monofin de boa.
Afinal, um dia ruim é sempre um balde de água fria. Mas, no fundo, é só mais um dia.
E nada como um dia atrás do outro, não?
Indicações da V
E vamos de mais algumas edições que encontrei por aí e que valem a pena conferir? Saca só:
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é frustrante quando o treino não rende o que a gente esperava e a evolução parece não acontecer. mas, mesmo que a gente não perceba, ela acontece.